domingo, 18 de maio de 2014

Subprodutos na Vinificação


Um subproduto é um produto secundário ou acidental resultante de um processo de 
fabricação, uma reacção química ou uma via bioquímica, e não é o produto ou serviço primário sendo produzido. Um subproduto pode ser útil e comercializável, ou pode ser considerado um resíduo. O aproveitamento de subprodutos na indústria vinícola, apesar de muito recente face à longa tradição de produção vinícola, até à década de 80 teve um cariz bastante tradicional. Até meados do séc XVIII as borras de vinho e os bagaços da uva eram quase que exclusivamente utlizados como adubos orgânicos para a vinha, sendo uma pequena parte utilizada para a produção de bebidas alcoólicas de fraca qualidade. Em 1770, o químico Sueco Carl Wilhelm Scheele publicou uma dissertação na qual descrevia uma preparação de ácido tartárico através do hidrogenato de potássio existente nas borras do vinho. No final do século XX, com o declínio do consumo de vinho, aliado a consciencialização para as preocupações ambientais, deu origem a uma crescente de empresas especializadas na reciclagem de subprodutos vínicos.

Compostos Fenólicos

Os subprodutos da vinificação são ricos em uma enorme diversidade de compostos fenólicos que pertencem ao grupo dos flavonoides, em altas concentrações. Presentes em nos compostos fenólicos da uva, os glicósidos têm um elevado interesse para as industrias farmacêuticas, cosmética e alimentar, não apenas pela sua atividade antioxidante, mas também pelas suas propriedades anticancerígenas e anti-inflamatórias. As sementes de uvas são consideradas subprodutos valiosos para extração de óleo (KAMEL; DAWSON, 1985) e suas cascas têm sido usadas para a produção de taninos (PRUTHI, 1971). Podemos então perceber que os resíduos da uva constituem um subproduto muito valioso para as indústrias alimentares (VALIENTE et al.,1995). Os compostos presentes na uva, como resveratrol, ácido linoleico, ácido palmítico, entre outros, permanecem no bagaço em maior ou menor quantidade, dependendo do método de vinificação utilizado. Infelizmente, hoje em dia grande parte do bagaço produzido pelas empresas vinícolas é desperdiçado. Assim sendo, é importante mudar alguns hábitos, com o intuito que estes sejam explorados, pois apresentam um conjunto de propriedades fitoterápicas de grande importância para várias industrias como a farmacêutica e química, permitindo assim agregar o valor a este resíduo alimentar que não lhe tem sido atribuído (CAMPOS, 2005).

Bagaço usado como combustão


O bagaço é o principal subproduto da vinificação, não só pela sua riqueza alcoólica e tartárica, mas também pelo interesse económico de alguns dos seus componentes físicos. É o produto resultante da prensagem das massas vínicas, constituídas pelas partes sólidas das uvas e pelo mosto ou pelo conjunto mosto/vinho. (bagaço) representa 12 a 15% em peso da matéria-prima inicial e contém restos de açúcar, outros glúcidos, proteínas e, nas grainhas, um teor elevado de lípidos, que enriquecem altamente o bagaço, justificando que o calor de combustão deste produto seja mais elevado que o da madeira. Segundo dados da indústria, na produção de 100 litros de vinho branco obtêm-se 31,7 kg de resíduos e na produção de 100 litros de vinho tinto obtêm-se 25 kg de resíduos. Dos mais de 30 kg de  resíduos dos vinhos brancos, aproximadamente 20 kg são de bagaço. Já dos 25 kg de subproduto dos vinhos tintos, aproximadamente 17 kg são de bagaço.

 O folhelho

 É basicamente, aproveitado para a alimentação animal, como combustível e para a extracção de pigmentos naturais (ainda pouco utilizado devido ao baixo rendimento da operação) e pode ser usado como adubo orgânico. 

Grainhas

As grainhas, são utilizadas para extrair óleo. Podem ser também utilizadas nas indústrias de rações e adubos, extracção de taninos para as indústrias enológicas. A partir das grainhas é possível extrair proteínas, taninos, extractos aromáticos, etanol e lenhina. A Grainha apresenta actividade antioxidante e pode ser tão importante como a vitamina E, e em impedir os danos oxidativos, reduzindo a oxidação lipídica.


Conclusão


Os subprodutos representam cada vez mais um interesse acrescido do ponto de vista ambiental e, principalmente, económico. Esta importância torna-se ainda mais relevante quando um sector tem elevado peso na economia de um país, como é o sector vitivinícola. Através deste trabalho é possível perceber, e acima de tudo valorizar ainda mais a utilização dos subprodutos. Existe um mercado pronto a recebê-los, trata-los e comercializa-los e desta forma estamos a participar ativamente numa componente ecológica muito importante.

Por: Afonso Magalhães; Alberto Baptista

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